segunda-feira, 9 de junho de 2008

A sabedoria trágica

Pequeno trecho do livro "A Escultura de Si" do filósofo francês Michel Onfray.

A sabedoria trágica consiste em conservar continuamente o presente no espírito esta idéia de que só se constrói sua própria singularidade sobre os abismos, entre blocos de miséria lançados com toda força dentro do nada. Daí as probabilidades importantes do fracasso da conflagração e da desintegração de projetos em início de expansão. Mas pouco importa, para a alma assim absorvida, conhecer o desenlace, inevitável, de suas tentativas. Em última instância, é sempre a morte que triunfa e a dissolução garantida dentro da inconsistência. Porém, antes do gesto, apenas pela elegância da prática e da obra tentada, há poucas audácias que, deste modo, nos dão a ilusão, exaltante enquanto em nós habita, que está em nosso poder enfrentar o Destino, infringir suas leis e desprezar a morte. Aquilo que deve parecer terá, pelo menos, subsistido um tempo no aspecto de uma composição, de um modo apolíneo. (pg. 31)

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