sábado, 31 de maio de 2008

Blz?

Apare sua singularidade (ou Sua liberdade não combina com meu novo corte de cabelo)

Não busque beleza em padrões,
deles não espere nada além de
mediocridade e limitações.

A beleza se encontra no singular,
não está nos "salões de beleza",
se encontra na autonomia,
e isso você não pode comprar.
Beleza há na capacidade de nos afastarmos dos padrões,
de nossos grilhões.

Inventando Deuses

Trecho do maravilhoso livro "ame e dê vexame" do Roberto Freire:

Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam quentes e congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas. A nudez a dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com corpo do outro, para inventar deuses na solidão do nós. Por isso a nudez, no amor, não satisfaz nunca.

Porque eu te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.

O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto.

Canto Fúnebre da Insubmissão (ou Canto fúnebre sem música)

Eu não concordo com a descida dos corações amantes à terra dura. Assim é, será e foi desde tempos imemoriais: eles seguem pelas trevas, os sábios e os belos. Coroados de lilases e de louros, eles partem; mas eu não me conformo. Amantes e pensadores, contigo, dentro da terra, transformados na poeira morna e cega. Um fragmento do que tu sentias, daquilo que tu sabias, uma fórmula, uma frase apenas restou - mas o melhor está perdido. As respostas rápidas e vivas, o olhar honesto, o riso, o amor - estes partiram. Partiram para alimentar as rosas. Os botões serão meigos, elegantes e perfumados. Eu sei. Mas eu não aprovo. Mais preciosa era a luz em teus olhos que todas as rosas do mundo.

Fundo, fundo, fundo na escuridão da cova, docemente, os belos, os ternos, os bons, calmamente eles descem, os inteligentes, os espirituais, os bravos. Eu sei. Mas não estou de acordo. E eu não me conformo.

Edna St Vincent Millay, traduzido por Roberto Freire.